Quando?
Quando foi a última vez que você pegou um controle, ou ligou seu PC e pôde jogar sem se preocupar com quanto tempo levaria?
Pros jovens de hoje, talvez isso seja a realidade… Mas pra gente como eu — que cresceu, formou uma família e tem um trabalho, e às vezes mais de um — essa realidade é cada vez menos palpável.
Foi-se o tempo em que colocar a televisão no modo AV, fechar a tampa do Playstation e ouvir aquele som de inicialização clássico
era o gatilho pra colocar o cérebro em um estado quase de meditação… que poderia durar por horas, e que a quantidade dessas horas não importava. Sequer eram contadas… ou mesmo sentidas.
Ou a alternativa muito usada na minha época: ir pra uma locadora de videogame — o que nos permitia conhecer vários jogos diferentes e jogá-los sem precisar ter um console em casa.
Mas… a gente pagava por hora.
E isso infelizmente criava a sensação de urgência, aquele aviso constante de que em breve você teria que abandonar sua jogatina. E apesar de hoje não ter que pagar por uma hora exata pra jogar, um jogador adulto — tentando manter viva essa paixão no meio das responsabilidades da vida — acaba jogando como se ainda estivesse numa locadora.
Já parou pra pensar que ter um tempo limitado pra se desligar do mundo e relaxar a mente… pode ser o motivo de tantos jogadores se apegarem à nostalgia dos jogos do passado?
Eu penso nisso, às vezes.
Talvez porque eu seja um adulto responsável, com casamento pra cuidar, filhos pra criar, e uma casa pra abastecer…

Mas que guarda com carinho — na maior parte do tempo — os games e a sensação que eles me proporcionam quando tenho a chance de jogar. Imagino que existem incontáveis adultos nessa mesma situação.
E talvez você, que tá lendo esse post, seja um deles. No caso, um de nós.
A semana é corrida… e às vezes dá pra jogar só uma vez. Talvez só na sexta à noite,
sacrificando um pedaço do sono. E mesmo assim… mesmo jogando, mesmo mantendo tudo funcionando e tirando aquele pequeno momento da semana… ainda sente que jogar não tá sendo tão prazeroso quanto já foi.
E diferente do que muita gente por aí diz, eu não credito isso à idade. Ou à maturidade, se sobrepondo à juventude. Apesar de que, sim — eu já pensei assim também. Mas hoje, tenho uma teoria que pra mim faz mais sentido:
Não é o tempo curto que temos pra jogar que tira essa sensação…
mas sim as condições em que conseguimos jogar.
De um lado temos o antigamente — o ligar e jogar. Jogos com mecânicas e até histórias mais simples, que não nos forçavam a correr até o final. Muito pelo contrário: nos prendiam numa dimensão onde o tempo simplesmente… não existia.
Do outro lado, o atualmente. Mesmo os jogos mais simples têm mecânicas que exigem aprendizado. E às vezes, quase especialização, só pra conseguir jogar.

E em muitos casos, se você fica um dia sem jogar, já se sente desequilibrado em relação aos seus amigos — por causa dos equipamentos, da habilidade… do tempo que eles têm, e você não. Os jogos casuais um pouco mais antigos pareciam ter dois objetivos bem claros: diversão e rejogabilidade. Os jogos casuais modernos… hype e monetização.
É só olhar: tem jogo com mais de dez anos sendo jogado até hoje por comunidades apaixonadas. E tem jogo de três anos que já foi abandonado… pelos jogadores, ou até pela própria desenvolvedora.
Eu tenho meus jogos preferidos. Alguns… eu nem tenho coragem de jogar de novo, com medo de estragar a nostalgia que eu construí. Mas ainda hoje… ainda hoje eu busco novos jogos que causem pelo menos um pouco daquela boa e velha sensação
de mergulhar num mundo, e desligar da realidade que eu amo — mas que cansa, às vezes.
Foi com isso na cabeça que eu decidi criar esse post. Pra expressar essas ideias. Talvez um pouco fora do senso comum.
Mas com um tema central muito claro: a paixão pelos jogos. Ou pelo que os jogos ainda podem me proporcionar.

Espero que esse conteúdo encontre eco em outras pessoas que também… já foram gamers, mas que hoje mal têm tempo de jogar.
Obrigado por ler. Bons jogos pra você.