Não sei porque esse escândalo tão grande sobre a propriedade, ou na verdade a não propriedade, dos jogos em formato digital que está se espalhando pela internet, depois da Califórnia passar uma lei para que as plataformas onde os jogos são comercializados deixassem bem claro no ato da compra que se tratava de uma licença para jogar e não da compra da propriedade da cópia do jogo em si.

Tá bom… Reconheço que o que a Ubisoft fez com the crew foi uma baita babaquice, mas é fato que jogos eletrônicos em formato digital nunca foram propriedade de ninguém mais do que da própria desenvolvedora [e por tabela de suas distribuidoras]. Mesmo as plataformas onde os jogos são comercializados não tem propriedade nenhuma sobre eles.

Galera, isso sempre foi assim. Esse tema só tá fazendo barulho porque o pessoal hoje coloca todo tipo de acontecimento no trenzinho do hype pra fazer conteúdo. Tanto funciona que estou eu aqui fazendo meus dois parágrafos de opinião.
Claro que hoje em dia o pessoal discute muito mais coisas na internet, e parece até que atrás de cada pixel tem um especialista esperando pra comentar alguma verdade absoluta. Não tem como negar isso.

Mas vamos fazer uma retrospectiva com relação a propriedade de jogos eletrônicos pra ver desde quando você, eu ou qualquer outro apaixonado por jogos foi realmente dono de algum jogo.

Se você faz parte da maioria, assim como eu faço, seu histórico como apreciador de jogos eletrônicos (videogames, fliperamas, jogos de Pc, jogos mobile, etc) pode ter sido iniciado numa locadora de videogames.
LOCADORA! Você já começou locando, alugando tempo para jogar os jogos. Você não tinha console, não tinha jogos, e mal tinha grana pra jogar. E ficava feliz pra caramba por jogar.
Por vezes dava uma de serrote no tempo de algum amigo que estava de boa vontade e não queria jogar sozinho.

Se jogou em fliperamas, comprava UMA ficha (sim, sou do tempo das fichas de 25 centavos) que a máquina engolia e te dava uma única oportunidade de chegar ao final do jogo e nada mais. Perdeu, acabou. Se quisesse continuar jogando, tinha que comprar outra ficha.

Jogos mobile não vou nem tentar explicar. O próprio modelo de jogo já é auto explicativo. E tenho aversão a jogos gacha, que são teoricamente grátis mas que sugam a alma e a grana dos jogadores de cabeça mais suscetível a essa tática predatória. (Mas isso pode ser assunto pra outro artigo)

No Pc, antigamente o que era mais comum eram os cds de revista que vinham com um compilado de jogos pra instalar e jogar. E isso pode ter sido o mais perto do que nós chegamos de ser efetivamente proprietários dos jogos que compramos.

Alguns abençoados tiverem a sorte de ter consoles e puderam realmente ser donos dos jogos, na verdade das cópias dos jogos, que compraram junto com os videogames ou depois, para aumentar sua coleção. Mas essas pessoas não fazem parte da maioria. Talvez sejam elas que deveriam estar reclamando de como o mercado de jogos eletrônicos se tornou uma forma de aluguel de jogos por tempo “indeterminado” ao gosto da distribuidora, por que o resto de nós já vivíamos isso.

Mas parece que o pessoal acordou agora de um sonho colorido em que você não lê o contrato de compra de um jogo digital e por algum motivo mágico acha que o jogo é seu quando paga por ele.
Parece absurdo comprar algo que não é seu? Sim parece! Mas os jogos já saíram da prateleira de PRODUTOS e caíram na prateleira de SERVIÇOS há tempos!
Se você não percebeu isso, vale avaliar se é ingenuidade ou mal costume. Julgue você.

Mas deixo claro, antes que as pedras comecem a voar, que eu sou totalmente descontente com a forma que o mercado age, principalmente por questão de preço dos jogos.
Já que se levarmos em consideração que se tudo é digital e que não é mais necessário mídias físicas para os jogos, e toda a indústria e logística para abastecer lojas físicas, e podem ser distribuídos de forma mundial apenas com alguns cliques, os jogos poderiam ser mais baratos. Muito mais baratos!

Mas já era assim há muito tempo gente. Para de show.

Eles tem a oferta, nós temos a demanda. Eles precificam, nós pagamos! Eles ditam as regras, nós aceitamos. [a grande maioria de nós sem saber, dado todo esse rebuliço que se instaurou!] 

Afinal, os jogos valem a pena ou não hoje em dia?

Eu tenho uma fórmula de cálculo pessoal e particular pra julgar se (para mim) um jogo valeu a pena ser adquirido ou não. E eu me baseio pelo mesmo modelo da época em que eu gastava dinheiro na locadora.

Minha métrica é baseada simplesmente em dividir o custo do jogo pelo tempo de diversão que ele me proporcionou.
Pareceu complicado? Relaxa, que é fácil!

Se seguirmos a tabela de 1 real por hora do tempo da locadora (de novo… Sim, sou do tempo em que a locadora cobrava só 1 real por hora de jogo), se um jogo me prender por um número de horas que seja igual ao seu custo em reais, foi um jogo com valor justo.

Exemplo: Paguei 30 reais num jogo e com ele me diverti jogando por umas 30 horas, paguei o que joguei. Então valeu!

Se o jogo for chato, e eu enjoar dele (em horas) antes de alcançar o custo dele (em reais) foi um jogo caro, uma compra ruim, um desperdício de tempo e dinheiro.

Exemplo: Paguei 30 reais num jogo e foi um sacrifício chegar à 10 horas de jogo, então paguei caro. Prejuízo!

Entretanto, se eu passar muito mais horas jogando o jogo além de seu custo, posso afirmar que foi uma ótima compra e que o jogo é demais.

Exemplo: Paguei 30 reais num jogo e o jogo é tão bom que joguei por mais de 60 horas ou mais, seja por fator replay, seja por ter Co-op com amigos, seja por ter me cativado por qualquer motivo, então paguei barato. Foi uma ótima experiência!

Tenho jogos que peguei grátis e abandonei em menos de 30 minutos, outros que paguei 100 reais e já joguei mais de 1000 horas.
Isso vai de cada jogador e cada jogo, quando se trata de gostar ou não do jogo, do estilo, da arte, seja lá o que for que te prenda à um jogo ou te afaste de um jogo.

Os jogos sempre foram e tudo indica que sempre serão um tipo de produto/serviço que te fornece experiência em troca do seu dinheiro.
Nós não compramos jogos, compramos as experiências que os jogos podem nos proporcionar!
Divertimento, competição, colaboração, passatempo, conexão com outros jogadores, seja lá por qual motivo você jogue, é a experiência que você está comprando, não o jogo.

Então parem de chorar porque não temos a propriedade dos jogos que compramos (a licença), pois nunca tivemos. Geral que só percebeu isso agora.

Quanto mais cedo pararem de bater nessa tecla, podem partir pra próxima que é começar movimentos para que essa realidade seja alterada. Forçando as empresas a removerem os DRMs dos jogos para nos dar a propriedade dos jogos juntos com os arquivos, ou para diminuírem drasticamente o preço das cópias digitais do jogos que compramos.

A comunidade gamer é gigante. Só precisa uma fagulha para começar o movimento que ele se espalha igual meme.

Essa é a minha opinião, se você concorda ou discorda, comenta lá no canal. Porque aqui no blog é impossível maneirar os bots caça cliques.